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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Enlatados

Desde que a internet começou a popularizar-se, mais ainda com a chegada da banda larga, passei a substituir o hábito da televisão pelo do computador. Primeiro porque gosto de escolher a hora e exatamente o que quero ver, sem propaganda, sem ter que esperar o horário da emissora televisiva, sem ter que dobrar-me aos enlatados. Além da vantagem de poder trabalhar multitarefa, como ver um seriado enquanto pesquiso na internet e respondo e-mails. Otimização do tempo é a palavra de ordem.Outro motivo forte é que não gosto de pagar para ter algo que eu posso ter gratuitamente. Então não assino TV. Logo, quando assisto algo - mais para acompanhar meus familiares e inteirar-me do que os humanos estão conversando no dia a dia do que por prazer - acabo frustrado em BBB, Faustão e novelas.
Entendo que em 65% da população brasileira (http://bit.ly/vqnCDH) seja de um nível cultural baixo, que aceita e adora esse tipo de entretenimento e os têm como sendo algo que acrescenta a cultura, mas discordo completamente.
BBB é tido por algumas pessoas como uma excelente maneira de se estudar o comportamento e aprender sobre conduta humana em sociedade. Ok, isso é fato, principalmente quando levado em consideração que os participantes tem caráter questionável e nível cultural raso, causando um sentimento de identificação à nação brasileira que aceita-se como parte da massa rasa. Agora, sendo possível conviver e analisar pessoas com intelecto mais complexo, indubitavelmente é desnecessário conformar-se com pessoas simplórias. Sigo a regra de que se posso estar cercado de pessoas inteligentes e consequentemente permanentemente instigado por elas. Não tenho por que me sujeitar ao pouco.

O Programa do Faustão dispensa comentários e novelas, bem, essas tem algum propósito. Todos sentimos necessidade de um momento no dia para sentar e descansar. Não precisarmos pensar em algo, abrir mão da poluição visual, obesidade mental, excesso de informação, e a novela vem justamente suprir isso.
Minha alegação é a de que poderíamos substituir algo irritantemente alienante como as novelas, por algo que tenha o mesmo efeito relaxante em nosso cérebro, mas que não nos emburreça. Entendo que alguns autores tentam trazer à pauta temas interessantes, passar mensagens, orientar e instruir. Mas percebo também que a maneira como isso é efetuado, o enredo pobre e óbvio, personalidades obtusas, clichês baratos, são de tirar a paciência de qualquer cabeça efervescente. Mesmo que o objetivo seja o descanso e o relaxamento, as histórias das novelas esforçam-se para nos tirar do sério.
Desenhos animados ensinam caricatamente sobre bondade e maldade, o que é certo e errado, e preparam também a cabeça dos infantes para a violência do mundo, pois ao contrario do que muitos pensam, isso já é um mal necessário, afinal de contas, a ignorância não as salva da violência do mundo. Seriados americanos - que são praticamente equivalentes às nossas novelas - ensinam a parte política, as tramas, as articulações e os estratagemas, com uma produção melhorada, atuação rebuscada e contexto globalizado. Então minha regra é, ao invés de ver novelas, assisto a algo mais construtivo que além de descansar minha cabeça, me acrescenta. O ruim? Fico sem ter o que conversar com pessoas cujo único assunto é a discussão da novela, mas, honestamente, sempre dá para tentar trocar o foco da conversa por alguma outra coisa, e se não der, talvez não valha o tempo investido...

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 07.01.2012
Editado/corrigido/pitaquiado por: Thiago Severgnini de Sousa e Ana Leticia Silva
Escrito por:  @rjzucco

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