Pesquisar este blog

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cápsula da invulnerabilidade

Esses dias um fato veio a corroborar e endossar o que sempre defendo no trânsito, e infelizmente foi logo comigo, que sou o Joãozinho do passo certo quando dirijo.
Estava na carona, mas mesmo que não estivesse não havia muito o que fazer. Estávamos indo para casa, e a distância de onde estávamos até nosso destino era de quatro quadras. Quatro míseras e insignificantes quadras.
Pois foi nessa distância miserável e desprezível que, sem a cautela óbvia e mínima necessária, um condutor abre a porta do seu veículo já estacionado, sem chance de manobras à quem estava conduzindo o carro em que eu confortavelmente passeava.
O resultado foi um lado inteiro do nosso auto, lanhado e amassado, e a porta do outro entortada.
Por conjectura do destino e sorte ninguém se machucou e foi apenas um acidente bobo e com danos materiais. Mas e se uma criança tivesse aberto a porta e saltado para fora? Imaginem quantos “e se” poderíamos colocar nessa situação? Nessa mesma medíocre distância de reles quatro quadras, um carro poderia se atravessar perpendicularmente ao meu percurso e levar meu carro por metros, arremessar-me contra uma árvore, etc.
Então aqui vem a minha pergunta: Por que as pessoas acreditam debilmente que pelo fato de ser uma curta distância nada vai acontecer? Por que motivos uma invisível cápsula superprotetora cobriria as pessoas?
Por acaso quando a distância é resumida entramos numa outra dimensão pela janela do cotinuum espaço/tempo que nos torna invulneráveis a qualquer tipo de acidente que possa vir a ser provocado por todo e qualquer condutor próximo a nós? E ainda todas as pessoas que poderiam sofrer com uma fatalidade e imprudência nossa?
Se a resposta é não, então por que afinal de contas as pessoas não colocam o bendito cinto de segurança?
Eu ouvi de dois parentes no final de semana o seguinte: “Não vamos colocar o cinto porque confiamos no motorista”. Isso me revoltou tanto quanto ouvir alguém dizer que pularia de um penhasco confiando na camada de ar que se formaria embaixo dele ao se aproximar do chão amortecendo a queda.
As pessoas tem o costume de preocupar-se apenas com longas distâncias. Aliás, esse é o motivo de a maioria dos acidentes acontecer próximo ao destino final, pois quando a distância começa a minguar, acontece o mesmo com a atenção e o zelo.
Todo esse discurso é apenas para, mais uma vez, cobrar das pessoas que utilizem o que elas já deveriam estar utilizando: o cinto de segurança, mesmo que estejam no banco traseiro ou que seja uma pequena distância.
O mesmo raciocínio pode ser aplicado em quem bebe e dirige acreditando que ir devagar evitará possiveis batidas. Evita mesmo que outra pessoa não o veja e bata em seu carro? Evita que a falta de rapidez no raciocínio característica da bebida poupe uma vida?
Vejo muita gente reclamando que a polícia não deveria fazer blitz e controlar o cinto e a bebida, que deveriam prender bandido, mas a pessoa que utiliza o carro como arma independente se com dolo ou com culpa, é tão criminosa quanto.
Recomendo a leitura de outro texto que fala também sobre isso, mas de forma menos abrangente, pelo link abaixo:
HTTP://rodrigozucco.blogspot.com.br/2011/03/teoria-dos-superpoderes-sindrome-do.html

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 27.10.2012
Corrigido/editado por @analeticiasilva 
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário