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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Grama do vizinho



Certa vez efetuei uma pesquisa com conhecidos perguntando basicamente sobre o trabalho e a satisfação pessoal e profissional de cada um. Para não direcioná-la, comecei perguntando qual o melhor país do mundo para se viver, depois estado, região, cidade e finalmente empresa.
Normalmente o Brasil é o melhor país para todos, tanto que a maioria da massa quando imagina-se ganhando na mega-sena acumulada planeja ficar por aqui. Normalmente por ignorância, por não conhecer outros países, por resistência a mudança de costumes, enfim...
Mas os humanos são risivelmente lineares, e quando seguindo a pesquisa, eles optam pelo estado em que moram, ou no máximo onde nasceram e se criaram. A mesma coisa com a região e a cidade.
Quando alguém respondia diferente eu aprofundava e tentava entender o porquê. Uma das pessoas disse que não sabia, mas que achava legal os EUA. Perguntei o que havia de legal? Perguntei se já tinha conversado com algum norte-americano, se já havia ao menos visitado para saber que prefere aquele país ao Brasil, se entendia como eles tratavam os estrangeiros, se sabia da frieza no contato entre as pessoas, as diferenças climáticas e mais um monte de pontos. A resposta, como eu imaginava, foi negativa.
Mas o que eu esperava dessa pesquisa de fato ocorreu, a grande maioria respondeu que o melhor lugar para se trabalhar era outro. Empresas que eles nunca trabalharam ou imaginam como seja a realidade interna.
Muitos falaram em Dell, e com esses eu tinha como continuar aprofundando os questionamentos. Sondei para confirmar até onde eles entendiam o que realmente significa trabalhar lá. Ninguém dessas pessoas tinha noção do nível de cobrança, comprometimento e qualificação que esses lugares dos sonhos exigem. Após eu expor a eles como era, todos recuaram e repensaram.
Passamos a maior parte de nossas vidas em nosso trabalho, e é um absurdo não gostarmos do que fazemos ou não estarmos satisfeitos.
Não entendo como podem as pessoas acordar todos os dias e irem a um lugar onde não aguentam mais, ou que seja preterido em relação a qualquer outro.
Ambição é fundamental, como já citei anteriormente, mas a satisfação é mais ainda. Ou aprendemos a nos contentar com o que temos enquanto temos, e sermos felizes com o que estamos fazendo, mesmo que almejando mais e buscando mais, ou sempre estaremos frustrados.
Tem gente que afirma ser o melhor emprego do mundo aquele que paga absurdamente bem, mesmo que não satisfaça. Mas se pensarmos, mesmo que ganhássemos muitíssimo bem, se formos infelizes no local onde gastamos um terço de nossas vidas, e levando-se em consideração que outro terço dormimos e que sobra apenas um último terço para fazer todo o resto, é seguro afirmar que seremos frustrados e infelizes.
Torno a falar a célebre: ame seu trabalho e você nunca mais trabalhará!
Enquanto as pessoas não perderem a mania de achar a grama do vizinho mais verde, não saberão apreciar sua própria grama.

Publicado em: A Tribuna Regional no dia 2.11.2012

Corrigido/editado por Patrick Heinz

@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

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