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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Campanha

Podem me chamar de louco, mas prestei-me a ficar provocando muitas pessoas que convivem comigo, questionando-as, aplicando a teoria de provocar choque emocional para ler o que seu semblante manifestava espontaneamente.
Comecei questionando todos sobre Steve Jobs, se o admiravam e quantos se identificavam com ele. Depois perguntei se possuíam algo de inovador em si, se consideravam que ao menos uma fagulha do espírito de inovação do guru da Apple fluía em suas veias.
Segundo o dicionário, inovação significa introduzir novidades, renovar, inventar, criar... Ou seja, há uma classe a qual classificamos como normal, e o que foge disso é novidade, novo, inovador.
Quando começou a ser “descoberto” pelas massas, o terceiro sexo era algo inovador. Assim como gêneros musicais, roupas, tecnologias, comidas, nomes... Embora o bom senso não imperasse nessa época.
Importante salientarmos que bom senso é necessário e que cada um tem um gosto. Mas algumas coisas são senso comum. Por exemplo, nomes como Ricardo, Roberto, Rafael, Rodrigo, Daniel, Mario...
Bem, o gênio que criou a saga dos “is” como iMac, iPod, iTunes, iPad e iPhone, optou por atribuir o i de inovação às suas criações e todo mundo achou legal. Mesmo que muitos apenas tenham descoberto agora para que servia essa letra nos nomes.
Quando Jobs iniciou na Apple, muitas ideias suas foram tidas como afrontas, o chamaram de louco, de inadequado e até o afastaram de sua empresa. Depois tiveram que ceder e reaceitá-lo. Imagina o que seria da Apple sem ele? Ou melhor, o que seria se não o tivessem escorraçado durante tantos anos? (ele pediu demissão, mas não poderia ter ficado) Importante ressaltar que esses anos foram cruciais para as empresas de tecnologia.
Fico imaginando ele em sua casa, com sua esposa, e penso se ela agiu com ele da mesma forma como a Apple fez. Fico pensando se ela tinha a competência e o discernimento de enxergar tão longe quanto ele, ou se foi mesquinha, pequena e limitada como os acionistas da inventora do Macintosh. A mãe da primeira filha provavelmente não, pois não ficaram juntos.
E nesse exercício de imaginação vou além e tento desenhar o enredo da cena dessa mente incomparável tentando convencer seus colegas de trabalho de que uma ideia maravilhosa valia a pena assim como discutia com sua esposa em casa quanto a algo que só ele poderia ter pensado.
Então me acompanhem nesse exercício imaginativo e pensem que a esposa dele o abandonou assim como a Maçã por não aguentar mais suas tentativas a frente do tempo, inadmissíveis para alguém tão limitada quanto ela. Quem saiu perdendo no fim das contas? A Apple que ficou sem “o cara” durante uma das melhores épocas da tecnologia? Ou a Pixar que foi inovadora na indústria cinematográfica desbancando na época a tradicional Disney? Ou a esposa que preferiu ficar com alguém que se resigna aos limites tradicionais e ao rotineiro conformismo nada criativo do quotidiano? Será que o grande criador de inovação aguentaria muito tempo com alguém que, ao invés de impulsioná-lo, enraizava-o nas terras duras, secas e inférteis da rotina?
Gosto de acreditar que ele não se prenderia ao que quer que fosse que o limitasse em sua caminhada inovadora. Que ele seguiria tal e qual um paladino em busca de finalmente concluir sua jornada. Empanzino-me de satisfação ao projetar em minha cabeça a cena dele escolhendo um nome inovador para seus filhos e principiando uma guerra que poderia culminar em desquite.
Primeiro veio Roberto, então alguém inovador resolveu ter a coragem de colocar o nome de Roberta em sua filha e todos se chocaram. Falaram que ela sofreria bulling, que seria motivo de chacota no colégio, que fariam piadinhas, que era feio, estranho, que não gostavam. Mas a esposa dessa pessoa provavelmente teve a coragem de perseverar junto com seu consorte e seguiram em frente, abrindo as portas para que hoje lindas Robertas existam e ninguém mais ache estranho, posto que todos acostumaram.
O mesmo aconteceu com Rafaela que veio de Rafael, ou com Daniela que veio de Daniel. O inverso também acontece, como Mario que veio de Maria. Agora pergunto, e se o pai dessas crianças fosse um Steve Jobs que estivesse tentando fazer uma pequena diferença em sua realidade pessoal, tentando mudar o mundo, mesmo que uma pequena parte, no que lhe é possível, e então fosse tolhido?
Ora, Ricarda, que vem de Ricardo, embora ainda soe estranho aos nossos ouvidos, já está virando normal. Mas Ricardo não é um nome feio, já estamos acostumados com ele. Então qual o problema? Por que muitos dizem que não gostam de Ricarda?
Eu respondo. Porque são pessoas que não estão preparadas para mudança, gente que não gosta de inovação, que quer que esse tipo de “coisa” ocorra com os outros. São os que esperam para ver o que acontecerá para então tentarem, experimentarem. São os que nunca serão os primeiros, pois temem o desconhecido, hesitam arriscar-se. São os que vivem na sombra de Drummond.
Então, venho, por meio deste, rogar-lhes apoio para a campanha por Rodrigas. O nome é, antes de mais nada, inovador. Rodrigo não pode, definitivamente, ser considerado agressivo, já que é algo ao qual todos estamos acostumados já de muito. Principalmente, que me socorram e reforcem junto a minha família a qual está tentando fazer tal e qual a cúpula da Apple com o Steve.
Não permitam que essas pessoas de pouca visão inovadora (vou apanhar) me impeçam de manifestar minhas melhores intenções de legado para as gerações vindouras.
E para aqueles que concordam com meus familiares que alegam que Rodriga é esdrúxulo, redarguo que não é, pois é apenas o feminino de um dos nomes mais comuns no Brasil. Apenas não é normal aos seus ouvidos ainda e por isso parece feio. Pura falta de costume, mas esdrúxulo, definitivamente, é uma qualificação errada. Esdrúxulo é Facebuquison, ou Létisgou.
Para Rodriga como nome de minha filha.  :)


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 10.10.2012
Editado/corrigido/pitaquiado por: Thiago Severgnini de Sousa
Escrito por:  @rjzucco

5 comentários:

  1. ai Rodrigo, vou fazer um exercício mental para acostumar com o nome, desde que você providencie a Rodriga logo hein!!!

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  2. Olha, eu não gosto da sonoridade do nome. Ao falar Rodrigo, os dois "os" parecem facilitar minha dicção, o mesmo não ocorre ao ter o A no Rodriga, mas isso pode ser uma deficiência minha. Tomara que sua filha seja de alma inovadora e não queira trocar o nome. Ou que o pai dê muitos motivos para que ela tenha orgulho de ser o feminino seu. bj

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  3. Busquei na morfologia da palavra uma defesa do porque não. A origem da palavra Rodrigo, uso aqui palavra, porque a palavra vem antes do nome, a palavra da significado para o uso de tal. Bem, a origem da palavra Rodrigo é germânica (Hrodric) e é uma junção de duas palavras, uma genérica e outra particularmente "masculina" e é aí que entra a minha defesa do porque não usar o nome Rodriga para a sua filha: a primeira palavra é genérica: hruout que quer dizer (fama) e a outra é (rik) que quer dizer (príncipe), ou seja (Príncipe famoso) e não princesa. Morfologicamente então... Rodrigo é um nome exclusivamente masculino. Blz.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Ainda bem que as pessoas não vem buscando na internet ao longo das eras a etimologia dos nomes, senão ainda estariamos com pseudo nomes guturais do tempo das cavernas sem inovação alguma sob pena de descaracterizar alguma coisa.

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