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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Boca cheia

Ainda tergiversando sobre o assunto falar e acrescentando uma opinião sobre o condenável ato de fazê-lo de boca cheia, vou fazer uso do exemplo de uma afilhada da minha namorada.
Estávamos passando alguns dias em companhia da vívida presença dessa menininha sapeca, que como boa curiosa e observadora criança, perguntava sobre tudo e acreditava em respostas bem fundamentadas, pois as superficiais não eram suficientes.
Então durante as refeições, sempre que alguém falava com comida na boca, ela abria o bocão de jacaré e soltava um repreensor “óoo” para a pessoa, apontando para a boca.
Esse hábito é algo tão simples e necessário que não entendo o que leva as pessoas a abandoná-lo.
Talvez eu seja um estressado inveterado, mas me irrita gente que leva comida à boca e então começa falar, com os alimentos vertendo boca afora e prato adentro, vezes na mesa, ou no colo e até nos outros.
Tem gente que está sem comida na boca, faz a chamada de atenção para o diálogo e daí então leva o talher com comida, fazendo todos terem que presenciar aquele desagradável momento de luta entre respirar, falar, mastigar e engolir. Obviamente tudo ao mesmo tempo, por vezes com engasgues, outras com silabas incompreensíveis ou mesmo aquelas que não engolem depois de mastigar deixando o alimento na garganta e falando, angustiando quem está ouvindo.
Normalmente esse começa com algo do tipo: "olha só o que me aconteceu"
Sou tão chato com isso que peço para as pessoas pararem de falar, engolir, para então depois continuar a conversa, ou ainda, quando fazem isso e estão levando o talher à boca, seguro o braço e digo, fala primeiro.
O exemplo vem da televisão, das novelas e afins.  Desafio apontarem uma novela onde haja refeição e diálogo e não tenha alguém falando com a boca cheia. Motivo pelo qual comecei a me irritar com elas 15 anos atrás e parar de assisti-las há 10.
O fato de colocar a mão na frente ou um guardanapo não torna mais educado ou menos grotesco o gesto de falar durante a mastigação.
Acontece que somos diária e permanentemente exemplos para toda e qualquer pessoa com quem convivamos. O semeio da postura de hoje será o fruto educação colhido amanhã. Precisamos ser o exemplo para nossos filhos, netos, crianças em geral, bem como para os adultos que nos admiram e que buscam em nós algum tipo de referência.
Ou seja, educação parte de nós, começa conosco. Eu faço a minha parte, mas ainda não está resolvendo, pois continuo me revoltando sempre que vejo os outros não fazendo a sua.


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 01.12.2012

Corrigido/editado por Patrick Heinz
@rjzucco





rodrigo.zucco@terra.com.br

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