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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Quem muito fala



Não tenho paciência para pessoas que falam incansavelmente sem parar. E não é por cansar meus ouvidos, mas por cansar minha paciência. Ficar muito tempo ouvindo uma grande quantidade de conteúdo descartável que não me acrescenta ou faz refletir, me tira do sério.Preciso de diálogos com interação, onde quem conversa comigo traga uma nova luz sobre determinada ideia, e que tenha argumentos embasados e fundamentados a ponto de me fazer não só trocar de opinião, mas também defendê-la em outra discussão.
Para minha tristeza o mundo está infestado de pessoas que só querem falar, e isso faz delas pessoas que não ouvem, e consequentemente não absorvem novos conteúdos nem formam novas opiniões. Esse tipo de gente é o que eu chamo de tiro curto, pois o assunto acaba logo e o restante é apenas engodo.
Conheço gente que senta para conversar, e todos ao mesmo tempo ficam vomitando futilidades e superficialidades, coisas vazias, crendo que estão distribuindo conteúdo, mas ninguém recebendo ou escutando, menos ainda refletindo.

Parafraseando Maria Rita digo "Temos duas orelhas e uma só boca, justamente para escutar mais e falar menos".
Que triste gastar tempo conversando com uma ou mais pessoas e quando encerrar perceber que não compartilhou algo de bom. Essa gente de ego inflado é tão arrogante e presunçosa que costumam nem dar a oportunidade aos outros.
Sábia reflexão, mas tragicamente seguida por quase ninguém, embora todos concordem que é preciso ouvir mais do que falar.
As pessoas possuem uma necessidade tão grande de falar, que acabam atropelando coisas importantes e basilares. "Os que mais falam geralmente são os que menos dizem, pois são estes os mesmos que menos ouvem.", "Mesmo estando sempre falando "aos quatro cantos", isto não quer dizer que estamos acrescentando alguma coisa alem de ruídos e inconveniências." (Ivan Teorilang).
Cansei de frequentar cafeterias justamente por ver fontes inesgotáveis de ego querendo falar e saber mais que o restante dos presentes.
Essa gula ansiosa por falar é tanta que as pessoas não param nem enquanto comem, com a boca cheia de comida, por vezes caindo para o colo ou prato. Na própria televisão verificamos o exemplo de gente que falando, coloca comida na boca e continua, sem uma das mais básicas regras de bom costume.
Vejo também o exemplo de pessoas que não aguardam o interlocutor terminar a frase e começam a falar junto, atravessando-se. E para piorar, quando nesse exemplo, ambos não param, então o tom de voz aumenta, e acaba que literalmente um não ouve o outro, ambos falam juntos, quase aos berros, com uma profunda e completa demonstração de boçalidade.
Dessa boçalidade não me vejo livre, infelizmente, pois possuo três pessoas que sabem qual a cartilha de passos para me tirar do sério.
E elas o fazem na maioria das discussões e depois ainda me irritam mais alegando que eu perco a paciência toda hora. Falta de respeito, burrice e falta de consideração me fazem sair do sério quando combinadas com outros pequenos gatilhos.
A regrinha de um ouvir enquanto o outro fala só é quebrada quando a necessidade de falar é maior que o respeito pelo interlocutor e/ou acredita-se que o que há para ser dito é seguramente mais importante do que está recebendo. Presunção em alta dose.
Em algum dos meus textos eu já disse que felizes são os ignorantes, e nessas horas, como eu gostaria que esse fosse eu.
"A fala as vezes me cala, parece burra toda a inteligente preocupação com o que é dito." (Bethoven Jasmim)


Publicado em: A Tribuna Regional no dia 24.11.2012

Corrigido/editado por Patrick Heinz
@rjzucco
rodrigo.zucco@terra.com.br

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